quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Alemanha e os Mercados de Natal: os famosos e melhores Weihnachtsmärkte

Às vezes acho melhor evitar esses posts sazonais que todo santo ano fala exatamente da mesma coisa. Mas é tão difícil não se deixar levar pelo clima das enfeitadas e coloridas feirinhas de fim de ano... Seja pelas luzinhas reluzentes, pelo vinho quente, comidinhas típicas ou a criançada patinando no gelo. Para quem cresceu em um país tropical, quando dezembro significa mesmo férias regadas a muita piscina, churrasco e solão de rachar o “cocoruco”, essa atmosfera em terras gélidas mais parece aquelas retratadas em contos infantis. Ou filmes. Frio, flocos de neves a postos e aquela pegada toda intimista. Mas apesar do inverno nada convidativo, esse é um período em que as pessoas saem às ruas para aproveitar as barraquinhas de artesanatos, parquinhos de diversões, bebidas quentinhas e guloseimas regionais. A partir do primeiro advento (veja glossário abaixo), cada cidadezinha inaugura seus mercados. Eles pipocam por todo canto — no total há cerca de 1300, nos países de língua alemã, para colocar até os mais rabugentos no ritmo das festas. Aqui, cinco sugestões das mais bacanas espalhadas pela Alemanha:

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Toskana Terma: Luzes, sons e terapia termal

A Alemanha está cheia de cidadezinhas termais conhecidas pelo termo Kurort, como o vilarejo de Bad Sulza, na Turíngia, a 36 minutos de Weimar. Embora essa Dorf (como os alemães chamam um minúsculo município) fique escondidinha e quase imperceptível, ela abriga duas coisas imprescindíveis para um inverno para lá de relaxante — complexos termais e vinícolas. Na real, Bad Sulza está ao norte da região vinicultora de Saale-Unstrut, mas na prática ela pertence também ao pedaço (para conferir mais algumas atrações dessas redondezas clique aqui). Na Thüringer Weingut Bad Sulza, por exemplo, comandada pelo enólogo Andreas Clauß e sua família, é possível se juntar a deliciosas e divertidas degustações. Mas isso será tema do próximo post. O assunto agora é sobre a dona do pedaço, a rainha dos tibuns — Toskana Terma. 

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

O que fazer em Londres de graça

Londres low – cost 

Por Regina Cazzamatta 
(Texto originalmente publicado na Revista Viaje Mais! Novembro de 2015)

               Mesmo em tempos de real desvalorizado, é possível fazer um roteiro incrível pela capital inglesa, já que a multicultural e fervilhante metrópole é pródiga de atrações gratuitas. E superbacanas, of course. Não é exagero cravar que Londres é a cidade mais internacional do planeta. Por mais de 300 anos, do século 18 ao 20, a cidade foi o coração de um vasto império onde o sol nunca se punha, uma vez que a Inglaterra detinha colônias que, do Extremo Oriente às Américas, pontuavam todos os trechos do mapa-múndi. Assim, num movimento de ação e reação, se a terra da rainha tinha zilhões de súditos ao redor do planeta, ela também era influenciada pelos países por onde os britânicos passavam.

             E isso legou a Londres um irresistível espírito open-minded e novidadeiro, uma torre de Babel que sacode as ruas com 300 idiomas além do inglês e com aromas, sabores, músicas e vestimentas tradicionais que remetem a qualquer canto do mundo. Sem contar as tantas tribos que povoam a metrópole: dos alternativos na excêntrica região de Camden Town ao pessoal mais aristocrático, que toma o chá das 5 na Fortnum + Mason, loja que fornece produtos para a família real inglesa. Live and alive, Londres é uma constante simbiose entre a tradição e o fervilhar de novas tendências, que tem como pano de fundo um esplendor histórico que remonta a dois mil anos. 
              Mas há um “singelo” detalhe a ser considerado pelos brasileiros, especialmente em tempos de real desvalorizado: Londres é um dos lugares mais caros do planeta e, repleta de maravilhas arquitetônicas, artísticas, consumistas e gastronômicas, pode esfolar seu bolso. Mas isso de forma alguma deve ser um impeditivo para essa viagem fascinante, já que a metrópole oferece um sem-fim de interessantíssimas atividades gratuitas. E tudo da mais soberba qualidade, caso de alguns dos museus mais espetaculares do mundo, como British Museum (aquele com tantas múmias e sarcófagos), National Gallery e Tate Modern. Atrações icônicas, como a troca da guarda no Plaácio de Bucingham e o interior do Parlamento, marcado pela torre do Big Ben, também têm acesso free, assim como os formosos parques e praças, mercados e uma porção de monumentos e prédios históricos. Sim, todas essas lindezas são visitadas sem que se gaste uma única libra. 

United Colours of London

Para começar as explorações londrinas, o primeiro passo é adquirir o cartão recarregável Oyster, vendido em qualquer estação de metrô, central de informações turísticas e lojas que tenham o logo do cartão, para poder se aventurar no intricado sistema de metrô e de linhas de ônibus. Com um depósito retornável de £ 5, mais um crédito cuja quantia você decide, o cartão inteligente calcula automaticamente ao fim do dia de uso a melhor tarifa a ser debitada, de acordo com o quanto você saçaricou. Passou muitas vezes pela catraca? Então será descontado, no máximo, o valor de um passe diário (£ 6,40). Pegou um ônibus em seguida de outro em menos de duas horas? Nada será debitado.
Além da praticidade na cobrança e de o sistema permitir que se alcance qualquer parte da metrópole, não há melhor maneira de respirar a atmosfera de salada cultural da cidade do que no transporte público. Um terço da população londrina nasceu fora do Reino Unido, e essa miscelânea de tipos e estilos desfila entre os turistas ali no tube, como os locais chamam o metrô. Business ladies de terninho e corte de cabelo Chanel leem o The Guardian ao lado de rapazes de picumã colorido e grandes fones de ouvido, cena típica completada pela voz que ecoa dos alto-falantes a cada estação dizendo “mind the gap”, que significa que o passageiro deve ter cuidado com o vão entre a plataforma e o trem.

Tradições Reais

Com o Oyster comprado e abastecido, corra para o metrô mais próximo para começar a conhecer os cartões-postais na “faixa” da capital. Na Trafalgar Square, o circo pega fogo. Lá, o pessoal perambula e até toma sol em trajes de banho nas tardes de domingo, artistas fazem as mais diversas apresentações e, dependendo do dia, você pode topar com um protesto, show ou comemoração como Natal e revéillon. Um burburinho vigiado pela estátua do almirante Nelson — oficial que liderou a marinha britânica e derrotou a turma de Napoleão em batalhas como a que dá nome à praça—, a qual se impõem no alto de uma coluna e é circundada por quatro imponentes leões.
A troca da guarda no Palácio de Buckingham, que rola todos os dias, gratuitamente, às 11h30, também rememora as tradições militares do Reino Unido. A cerimônia é um dos pontos altos entre as atrações londrinas em torno da realeza britânica, sem dúvida a que mais desperta fascínio e curiosidade ao redor do globo. Recomenda-se chegar cedo para garantir um bom lugar e ótimas fotos da “coreografia”, em que os guardas desfilam em movimentos milimetricamente ensaiados, acompanhados por uma bandinha militar.
A despeito de a adorada monarquia inglesa vira e mexe ser destaque na mídia mundial — ainda está fresco na memória o frisson causado pelo nascimento e o batizado da princesa Charlotte, filha do casal real Kate e William — quem define mesmo os rumos da nação é o Parlamento, cujo trabalho pode ser acompanhar ao vivo numa visita ao Palácio de Westminster, que, entre os séculos 11 e 16, serviu de residência aos soberanos britânicos. Não associou nome e “pessoa”? O palácio é aquela portentosa e emblemática construção neogótica marcada pela torre do Big Ben, que majestosamente emoldura o Rio Tâmisa. Quando há sessões com os deputados no Parlamento, você pode entrar gratuitamente no edifício e assistir às plenárias, visitando, também, claro, os requintados cômodos. Caso contrário, é necessário entrar num tour  pago (£ 25 para adultos), que rola aos sábados. Um dos cômodos mais impressionantes é o Hall Westminster, uma das partes mais antigas da estrutura, que remonta ao ano 1099. Esse salão foi usado para coroações, julgamentos e velórios de monarcas e primeiros-ministros, a exemplo de Winston Churchill.

A Capital mais verde da Europa

A aura democrática de Londres não é vivida apenas no Parlamento. Andanças pelos parques, que ocupam um quinto do território local, também revelam a verve de todos juntos e misturados que é uma das tônicas da cidade. Nessas áreas verdes, executivos, estudantes, crianças, turistas, aposentados, pais com carrinhos de bebês, neohippies e outra tribos convivem lado a lado.
Entre os destaques está o Parque Hampstead Heath, lar de pelo menos 180 espécies de pássaros e de 23 tipos de borboletas. Um refúgio imenso e imerso entre árvores de carvalho e gramados que parece estar a quilômetros de distancia do agito londrino. Mas é só ir ao topo do Parliament Hill, nas cercanias de Hamstead Heath, para lembrar que o coração pulsante da capital está logo ao lado: do alto de uma colina, descortinam-se os prédios moderníssimos do distrito financeiro, como The Shard, arranha-céu mais alto da cidade, com 72 andares. Dali, avista-se ainda o edifício fálico chamado de “pepinão em conserva” pelos locais, com seus 180 metros e 40 andares.
            Ou seja, para vislumbrar a silhueta de Londres, não é preciso necessariamente desembolsar toda aquela grana para embarcar nas cápsulas de vidro da London Eye, a maior roda-gigante da Europa, com 135 metros de altura. São lugares idílicos e superestruturados —o Hampstead Heath tem quadras de tênis e de outro esportes, piscinas, playground e até lagos em que as pessoas podem nadar.     Mas nenhum deles supera a popularidade do Hyde Park, o primeiro e maior parque real e Londres, em cujos jardins minuciosamente desenhados se sucedem árvores esplendidas. Mas nem tudo é certinho no pedaço: o local também se consagrou por conta do Speaker´s Corner (Canto dos Oradores), ponto onde qualquer pessoa, como já fizeram Karl Marx e Lênin, em qualquer língua, pode subir num púlpito, ou levar seu próprio caixote, caso a concorrência esteja acirrada, para soltar a voz num discurso, protesto, reclamação...
            Agora, se tudo o que você não quer nas férias é ouvir chorumela, concentre-se nos bucólicos arredores de Serpentine, lago que separa o Hyde  Park de Kensington Gardens. Esses jardins ladeiam o Palácio de Kensington, onde vivia a princesa Diana, e, além de exibirem um memorial-fonte em homenagem a ela, mantêm várias atrações com um quê de fábula, que fazem enorme sucesso entre a garotada. 

Paixão por colecionar

Com o corpo e a alma relaxados, é hora de enobrecer o espírito. E você pde fazer isso numa infinidade de museus célebres, muitos deles criados há centenas de anos, no apogeu do tal império onde o sol nunca se punha, e fruto da paixão inglesa por trazer (e muitas vezes surrupiar), colecionar e categorizar peças e objetos de toda e qualquer natureza. 
       O rei entre esses complexos é o British Museum, uma instituição de 260 anos e... com entrada gratuita. Com um impressionante acervo de 13 milhões de objetos, é o endereço de preciosidades milenares que contam a história da humanidade. Não bastassem as múmias e os sarcófagos egípcios e as esculturas e os ornamentos trazidos do Partenon de Atenas (metade do belíssimo friso que revestia o templo está no British, o que há temos é motivo de discórdia entre autoridades gregas e britânicas), o museu é a casa da vistosa máscara asteca de Tezcatlipoca; da Pedra da Roseta, que mistura hieróglifos e as escritas demótica e grega para decretar a adoraçãoo ao rei Ptolomeu V; e o Tesouro de Oxus, formado por cerca de 170 objetos persas de ouro e prata. O toque high-tech é dado pela Great Court, uma majestosa cobertura de vidro assinada pelo badalado arquiteto Norman Foster, que criou ali a maior praça pública coberta da Europa. Para aproveitar melhor a exposição, a boa é fazer uma das 15 visitas guiadas, e gratuitas, que diariamente contemplam galerias especificas do complexo. Se preferir fuçar tamanha coleção por conta própria, o British é camarada também e, em seu site (www.britishmuseum.org), apresenta roteiros para serem feitos em uma ou três horas.
Outro ícone do universo cultural da capital é a National Gallery, casa de cerca de duas mil pinturas das mais marcantes escolas artísticas da Europa Ocidental e um dos melhores acervos mundiais do gênero. Na exposição permanente, estão obras-primas como Vênus e Marte, de Botticelli; Vênus no Espelho, de Velásquez; e Os Girassóis, de Van Gogh. À parte a entrada na “faixa”, o complexo oferece passeios guiados gratuitos também, os quais partem, duas vezes por dia, do balcão de informações, na ala Sainsbury. 
Depois de saracutear pelas salas, é uma ótima ideia comer uma coisinha do National Dining Rooms, resto da National Gallery e tido como um dos melhores instalados dentro de um museu da cidade. Ali você encontrará de queijos típicos a especialidades das ilhas britânicas, sem contar os bolos e as tortas que sempre parecem recém-saídos do forno. Mas, se achar que ainda não é o momento de gastar um pouco mais numa refeição, tenha uns bons petiscos na mochila e aproveite a vizinhança da galeria com a praça Trafalgar Square para ali fazer um piquenique.
Prefere curtir as “viagens” dos artistas contemporâneos? Nessa seara, Londres faz bonito com a Tate Modern, mais um senhor complexo com entrada free. Tão impactante quanto os trabalhos de Henri Matisse, Andy Warhol e Jackson Pollock, apenas algumas das “grifes” que permeiam as cerca de 60 mil obras expostas em sistema rodizio, é o próprio projeto desse peso-pesado da arte moderna: ele nasceu no ano 2000 onde antes funcionava uma central elétrica abandonada, ainda hoje marcada pela chaminé central de 99 metros de altura.
Totalmente remodelada pelos arquitetos suíços Herzog e De Meuron — que ganharam o Prêmio Pritzker, o Oscar da arquitetura, com esse projeto —, a construção ganhou dois andares envidraçados na parte superior, e os espaçosos ambientes de outrora, caso da Turbine Hall, onde ficavam as gigantescas turbinas da central elétrica, ganharam teto e janelões de vidros para propiciar uma sensação de amplitude ainda maior. Não é à toa, esse é um dos pontos que mais congregam gente na Tate, repleto de instalações com as quais os visitantes interagem, a exemplo de uma escultura de Robert Morris que pode ser escalada. É a tal da “arte participativa” tão propalada por esse museu superpop.

Born to be funny

E como uma mulher misteriosa, cheia de nuances, Londres abandona a persona bem comportada que ostenta durante o dia, quando passeia esbanjando seus bons modos pelos parques e museus, por uma faceta festiva e boêmia à noite, revelada nos agitos do Soho, no coração de West End. Pelas ruas da região, tomadas por livrarias da moda, lojas de comic novels, sex shops e cabarés, circulam garotas de salto alto e microssaias, mesmo em madrugadas de temperaturas congelantes. Na realidade, esse é “o” lugar para estar desde o fim de tarde, quando a galera se junta para bebericar na calçada, na frente de bares e cafés.
A diversidade cultural moldada pelos 300 anos em que Londres foi a capital de um poderoso império se reflete também nos ritmos musicais do Soho: por lá, dá para curtir de fusões de melodias asiáticas a noites caribenhas e apresentações de dança africana. Já a casa Ronnie Scott´s, na ativa desde 1959, é considerada um dos melhores endereços e jazz da capital, onde estrelas como Ella Fitzgerald e Miles Davis já deram umas palhinhas. A cada noite, há três shows. Às sextas e aos sábados, há apresentações tardias, com ingresso um pouco mais em conta em relação aos shows principais. Uma bem-vinda solução para garantir uma noitada bacana sem comprometer demais o bolso.
Ainda em West End, na vizinhança de Piccadilly Circus, que marca a entrada na Broadway londrina, turistas se apinham nas filas para os famosos musicais. São cerca de 40 teatros nas redondezas, onde estão em cartaz espetáculos consagrados do naipe de Les Misérables, Cats e Miss Saigon  — e muitas dessas casa vendem ingressos por 50% do preço cheio algumas horas antes da apresentação, caso haja lugares disponíveis. Chegue com antecedência ao horário do musical para circular sem pressa por entre os letreiros luminosos e lojas de suvenires, junto dos quais músicos e artistas de rua tentam ganhar uns trocados, numa atmosfera que se assemelha um pouquinho à da nova-iorquina Time Square.
A fervilhante cena teatral engloba ainda peças mais conceituais e underground, com temática tão diversa quanto imigração, guerra no Iraque e Facebook, sem contar os clássicos do nome maior da dramaturgia inglesa: William Shakespeare. Uma excelente dica para economizar são apresentações, encenadas tal qual o bardo as concebeu, no Shakespeare´s Globe, que custam desde £5 para quem assistir ao espetáculo de pé, na arena central a céu aberto, à maneira dos groundlings, espectadores de baixo poder aquisitivo que frequentavam o teatro original de Shakespeare que ficava ali pertinho.
As peças são longas, cerca de três horas, com intervalo, mas é sensacional curtir a interação que rola entre atores e plateia, o vocabulário antigo e requintado dos textos shakespearianos, e óbvio, o lindíssimo ambiente. Ele é uma réplica do teatro que pertenceu ao dramaturgo, com direito a centenas de pinos de carvalho conectando a estrutura — sim, o guia garante que não existe um único prego ou parafuso na construção —, tijolos Tudor confeccionados especialmente para o espaço, teto de palha e reboco que leva areia, cal e até pelo de cabra, exatamente como nos tempos de Shakespeare.

A gente também quer comida

Um dos quesitos que mis contribuem para a pecha de cidade cara de Londres é a gastronomia. E isso até que tem razão de ser nos restaurantes de primeira linha, comandados por chefs como Heston Blumenthal, Gordon Ramsay e Alain Ducasse. Mas as inovadoras, e baratex, redes locais de restaurantes , com unidades nos principais pontos da urbe, como Covent Garden e Soho, estão ajudando os turistas a comer bem pagando pouco. Nessa toada, confira as lanchonetes Pret a Manger, rede mais conhecida da capital e famosa pelos sandubas e sopas, e Gourmet Burger Kitchen, cujos hambúrgueres vêm acompanhado de molhou suculentos e fritas sequinhas. Confira também as delicatéssens-cafeteria Benugo; as hamburguerias Byron; e os restos Canteen, focados nos pratos básicos da cozinha inglesa.
Mas um sinal que Londres é uma “esquina” onde o mundo se encontra são as redes que se dedicam a sabores internacionais, as quais ultrapassaram os bairros étnicos e caíram no gosto geral. São um aconchego para os olhos e estômago os restaurantes Busaba Eathai — que, em ambientes modernos e informais, serve deliciosa comida tailandesa — e os do grupo Masala Zone, especializado em thali, refeição indiana composta de pequenas porções de vários pratos. Também merecem a sua confiança as iguarias gregas do Real Greek, os pratos turcos do Tas e o frango na brasa com molho picante, tradicional receita portuguesa, do popular Nando´s.
Outra volta ao mundo dos aromas e sabores está garantida no Borough Market, em funcionamento desde o século 13. Trufas e quejo italianos, cervejas e vinhos do mundo inteiro, frutas e legumes exóticos, tortillas e tacos mexicanos, paellas, iguarias orientais, sanduíches com recheio diversos e as inglesíssimas tortas de carne se sucedem, lado a lado, nas bancas, que disputam qual receita dá mais água na boca.
Se o Borough é um mercado gourmet, o que se traduz em preços que não são exatamente uma pechincha, vale ir atrás de outros endereços igualmente autênticos, com boa comida e que, de quebra, garantem uma noite divertida. É exatamente assim o Gordon´s Wine Bar. Muito associado à boemia literária e teatral londrina, ele é um dos estabelecimentos do gênero mais antigos de Londres. Em uma taberna subterrânea, de tijolinhos úmidos, as mesas são iluminadas somente por velas. Recortes de notícias da família real enfeitam as paredes, enquanto clientes bebem diversos tipos de vinhos, de excelente custo-benefício. Como o ambiente está longe de ser chiquetoso, os bons preços estão garantidos: os pratos variam de £ 8 a £ 15, e é preciso pedir no balcão. Depois de escolher, você pode, uma vez, se servir do que quiser entre os acompanhamentos do bufê.

A visita ao Gordon´s quase confirma a frase do poeta inglês Samuel Johnson (1709-1784). “A humanidade não inventou até hoje nada melhor, que produza tanta felicidade, como uma taberna”. Isso porque, em sua época, ainda não existia o conceito das public houses, mais conhecidas em sua forma abreviada, pubs. Esses popularíssimos estabelecimentos são verdadeiras instituições sociais e, dos antiquíssimos e clássicos aos mais moderninhos, têm sempre o mesmo clima: meia-luz, muita pint de cerveja circulando e “conversê” cujo volume sobe na mesma proporção que o nível etílico dos convivas. Pode curtir essa especialidade inglesa sem moderação, seja porque você vai voltar de metrô para o hotel, seja porque você se esmerou para cumprir esse roteiro low cost e agora pode, e deve, celebrar e esbanjar um pouquinho.

Informações Gerais

domingo, 29 de novembro de 2015

Sete anos depois

Sabe-se lá o porquê, eu sempre tive uma certa cisma com o número sete. Tem aquele papo de crise dos sete anos, os sete anos de azar e outras crendices cabalísticas do gênero. Mas, desde que fui tirar meu RG, ainda criança, e a senhora burocrata me entregou o documento com um sorrisão, essa minha pulga atrás da orelha deu linha na pipa. Não é que o bendito terminava com 777-7?! No meu “Fantástico Mundo de Bobby” infantil, achei que aquilo deveria ser algo muito sortudo. Se eu chegasse um pouquinho antes ou depois, passaria o resto da minha vida com uma identidade toda estranha tipo 777-5!! Deveria ser uma dessas coincidências estranhas da vida, como eu ter nascido em 03.03.1983, com 3,330 Kg. Pois bem, o sete virou meu número da sorte. O sete e o três, claro.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Alemanha Central: Naumburg e seus segredos medievais

Por mais que as grandes cidades sejam o chamariz dos turistas brasileiros na Europa, inovar e conhecer algumas cidadezinhas fora do circuito padrão não é nada mal. Por exemplo, todo mundo vai até Colônia por causa da gigantesca catedral e a levíssima cerveja do tipo Kölsch. Então por que não trocar a gelada pelo vinho e o estilo da mega igreja do gótico para o românico? Pois então! Naumburg, entre Weimar e Leipzig, no Estado de Sachen-Anhalt, é bem famosa por causa da sua basílica e plantações de uva.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Super Lua e Eclipse Total em setembro de 2015

 Este espaço é um blog de viagem e esquisitices de outras culturas, mas enquanto não é possível embarcar numa expedição turística para a lua, eis que a contemplamos daqui debaixo mesmo. Pelo menos ainda! Essas imagens foram tiradas no mês de setembro de 2015, no hemisfério norte, um pouco antes e durante o eclipse total. Observe a manchinha escura começando no topo da imagem.

Parece mesmo coisa de lunático acordar às 3h para ver o bendito eclipse, mas como o fenômeno só ocorre esporadicamente, é bom não desperdiçar a experiência.... E antes que alguém critique a qualidade das imagens, pedimos um pouquinho de compreensão, please!, com os problemas de ordem técnica! 
Acoplamos a lente do IPhone no telescópio... Porque nem a melhor objetiva da Canon poderia captar os mares mostrados aí em cima. Além da mão congelando, a câmera demora para reconhecer a luz e quando tudo se ajeita, a lua já caminhou e saiu do centro da imagem! :( É um exercício de paciência. 

Na realidade, as imagens estão invertidas com relação ao que vimos a olho nu por conta do jogo de espelhos do telescópio. Alguém aí se lembra de um papo de imagem real ou outra patacoada da física pré- vestibular? Tem a ver com isso! 
Aqui não é o eclipse não! É a lua se movimento e saindo mesmo no centro da imagem. Sonho de consumo? Uma máquina fotográfica específica para acoplar no telescópio e um motorzinho que gire a engenhoca completa conforme os movimentos da terra para não ter que ajustar de minutos em minutos! heheh 
 Agora sim o eclipse começou e a escuridão começou a tomar conta da lua.
 Demorou quase trinta minutos para que metade da lua fosse "apagada" do horizonte.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Sicília, Sul da Itália: Palermo, Catânia, Taormina, Cefalù, Caccamo, Lipari e outras ilhas eólicas

Top Ten experiências na terra do Don Corleone 

A Sicília é um Estado de ilimitadas oportunidades e experiências no Sul da Itália. Com ares despreocupados, trágico, louco, pastoral, arcaico e também moderno, a ilha oferece uma viagem de belezas exuberantes e costumes antigos. É como mergulhar em uma película do Fellini. Afinal, onde mais assistimos senhoras jogarem cestas de vime pela varanda e puxá-las de volta com uma cordinha? Leiteiros ou carteiros sequer estranham a prática. É por essas ruas também que se ouve os engraçadinhos latinos gritarem “che bela turista”. Uma região de amores lícitos e ilícitos, onde a bota do continente quase esbarra na silhueta da ilha. Como em um jogo de pernas entre dois amantes embaixo da mesa coberta por uma toalha quadriculada branca e vermelha. Os prazeres da vida nunca cessam por aquelas bandas. Você verá locais comendo pela milésima vez um spaghetti alle vongole como se fosse sempre a primeira vez. E entre tantas experiências, listamos as dez imperdíveis.

1.  Litorais de Cefalú e Taormina. 

Só a praia de águas límpidas (e de areia!) já seria um argumento para fincar os pés em Cefalú, no mar Tirreno. O pôr-do-sol iluminando as casinhas típicas e antigas à beira mar é um espetáculo único. Mas, o vilarejo em si também é cheio daquela beleza provinciana, quase exótica. O charme é tanto que o diretor italiano Giuseppe Tornatore resolveu rodar por lá algumas cenas do Cinema Paradiso. É ali no pequeno porto que a namoradinha de Totó volta de Palermo e o surpreende com beijos embaixo de chuva, durante uma seção de cinema a céu aberto. Já quem procura por algo mais posh, Taormina, um ressort no topo da montanha, com vista de tirar o fôlego, é uma boa opção. As praias são todas de pedras, reservas naturais do mar iônio, facilmente alcançadas por teleférico. Outro espetáculo do requintado vilarejo é o famoso anfiteatro grego, com vista para o mar e o temeroso Etna. 

2. Experiências vulcânicas. 

Etna, Vulcano, Stromboli e diversos mini vulcões embaixo do mar compõem um cenário excelente para aventureiros se jogarem em trilhas ou conhecer um pouco mais sobre geologia. E não só isso. O Stromboli está constantemente em erupção, jorrando lavas como fogos de artifícios que iluminam o céu durante à noite. Lá de cima ou em alto mar a bordo de lanchas, a turistada espera esse fenômeno da natureza entrar em cena. De certo modo, o Etna também está ativo, mas não constantemente. E quando ele resolve explodir, o estrago é dos grandes. Para um post contando em detalhe a visita a cada um desses brutamontes, assim como os destaques e peculiaridades de cada um, clique aqui. 

3. Banhos medicinais de lama 

No litoral de Vulcano há não só praias de pedras-pomes porosas, mas também piscinas naturais de lama. Diz a lenda que estes banhos medicinais são ótimos para reumatismo e outros probleminha de saúde. Mas, na real, o legal mesmo é a diversão que o tal tratamento pode causar. Tá mais para um desafio de reality show. Há uma enorme quantidade de enxofre no solo da ilha e ele custa a sair do seus poros. Depois de deixar o vulcão é preciso se esfregar com muita água e sabão. É tão característico que dá para saber quando alguém acabou de voltar da ilha e ainda não passou pelo chuveiro! Agora imagina se esbaldar diretamente, literalmente chafurdar na piscina natural? Leve um pregador para o nariz e abrace as notas aromáticas de ovo podre! Ah, não use seu biquíni favorito.  

4. Ilhas Eólicas 

Ao norte da Sicília, no mar Tirreno, está o conjunto de sete ilhas conhecidas como eólicas. São elas: Lipari (tipo a capital, onde montamos acampamento); Stromboli (com uma ótima praia de pedrinhas vulcânicas); Vulcano (a fedorenta já citada); Panarea (cara e fashionista); Salina (famosa pelos vinhos Malvasia e alcaparras); Filicudi (a mais antiga com mais de 700 mil anos) e Alicudi (bem isolada). Nem precisa dizer que a Unesco tombou esse arquipélago como patrimônio cultural da humanidade, né? Cruzeiros e inúmeros passeios de barco combinam diversas visitas entre elas e são uma excelente oportunidades para literalmente “se jogar” nos pontos de mergulho mais disputados da região. Mas cuidado com as águas vivas para não ganhar uma tatuagem como lembrança. 

 5. Castelo de Caccamo. 

Não se trata de nenhuma exploração à la Indiana Jones, mas não deixa de ser uma bela excursão tranquilinha de Palermo. E como as conexões de trens e ônibus são desorganizadas e terríveis, você ainda terá de quebra um tempinho para conhecer o vilarejo de Termini Imerese. Sem contar que o castelo de Caccamo é uma das maiores e mais impressionantes fortificações do Sul da Itália. A construção se iniciou em 1093, quando os normandos começaram a construí-la no monte São Calogero. Os cômodos são levemente decorados, mas o que chama mesmo a atenção é a imponência dessa estrutura medieval, aliada à belíssima paisagem natural. Ao fundo das muralhas de pedra, o lago em tons de verdes água, reluzente com a luz do sol, rasga o visual como um quadro impressionista. 

6. O burburinho de Palermo

Uma aventura urbana com mesclas de resquícios arquitetônicos deixados pelos árabes, normandos e bizantinos. Uma das surpresas mais interessantes nesta capital é conseguir presenciar alguma procissão, provavelmente ao longo da Corso Vittorio Emanuele ou da Via Maqueda. Além da típica cantoria e reza, uma explosão de tiros de rojão capaz de ensurdecer quem for pego de surpresa. Tudo isso aliado ao grito de mercadores e ao cheiro de comidas típicas que exala dos mercados de ruas. Mais peculiar que tudo isso, só mesmo a Catacumba dei Cappuccini. Corpos e esqueletos de mais de 8 mil cidadãos que bateram as botas entre o século 17 e 19. Repare que há corredores só para crianças ou só para as virgens (!). Por fim, não deixe de conferir o teatro Massimo, onde foram gravadas a cena final do Poderoso Chefão III, entre tantas outras atrações. 

7. Mercados de Rua 

Aromas e sabores fazem parte das cidades e do cotidiano italiano. Não só tomates vermelhos berrantes e abobrinhas gigantescas, mas também todo o tipo de seres dos mais esquisitos provindos das profundezas marítimas estão expostos nos mercadões sicilianos. Entres os mais famosos está o La Pescheria, em Catânia, ou os “della Vuccira”, “di Ballaró” e “del Capo”, em Palermo. Turistas, locais e donas de casa de salto alto saçaricam pelo chão coberto de água, que escorre das bacias dos pescados e frutos do mar. Aliás, a estrela dessas feiras não são as belas moças, mas sim os gigantesco e gordos peixes-espadas decepados. Bom mesmo são os botequinhos que colocam umas mesas de plástico do lado de fora e servem comida de rua saborosa e baratex. Para refrescar, peça por água com gás, sal e limão. Parece bisonho, mas mata a sede e hidrata.  

8. Culinária Siciliana

Difícil! Quer dizer, difícil descrever em um parágrafo o que seria digno de um post inteiro. Mas bem fácil de ganhar uns bons quilos a mais. Não deixe de experimentar os Arancines. É uma receita árabe, bolotas fritas de arroz, aromatizadas com açafrão e ervas. Em Palermo, a boa é experimentar uma massa con le sarde: espaguete com amendoim moído, uva passa, erva doce selvagem e, claro, sardinha. Já em Catania, a pedida é a pasta à la norma, com molho de tomate, berinjela e ricota. Por toda a região há também os deliciosos involtini di pesce spada. Imagine só a combinação do peixe espada enrolado e recheado com tomate, azeitonas e alcaparras! Já entre os doces, não deixe passar os brioches com sorvete (típico é com o de pistache no meio do pão) e os canollis — canudos crocantes fritos e recheados com ricota, frutas cristalizadas ou creme e chocolate! Ainda tem as granitas, cassatas e outras guloseimas, mas vou terminar por aqui para não engordar só de escrever. 


9. Vinhos e licores típicos da Sicília

Antes que alguém me acuse de sempre destacar algum jeito de bebericar em todas as cidades desse blog, a Sicília tem mesmo suas típicas produções como a da famosa uva Nero d´ ávola. Como já citado acima, a ilha Salina é uma das únicas que contem fontes de águas minerais, aliadas ao solo  vulcânico super fértil. É de lá que veem muitos dos vinhos Malvasia, fermentados doces, servidos como aperitivo ou vinhos de sobremesa. Sem contar aqueles produzidos na região do Etna, com as uvas carricante e mascalese. Na Sicília, os licores também não se restringem ao tradicional Limoncello (de limão) e há sabores, em especial, como o de laranja, canela, melão entre outros. Os melhores são os produzido pela confeitaria Nonna Vincenza. Ou seja, opção para manguaçar tipicamente é o que não falta!  

10. Dançar em Praça Pública